domingo, 31 de outubro de 2010

Dor por vontade quase-própria.

Aquilo saiu, mas continua. Digo-me que não está mais dentro, mas às vezes ele sai nas lágrimas frias. Confirmo-me que não me atinge, mas se por acaso quiser, conseguirá me destruir. Sentimento tortuoso que torce as víceras, deturpa as lembranças e estagna a pessoa.

Saudade.

Um estado em que só o coração pensa. O cérebro parece não fazer sentido algum. Ele tenta, insistentemente lhe dizer que tudo continua e que foi assim porque era preciso.
Mas esse músculo ignóbil não aceita a condição de solidão.

Aos poucos se apagam as lembranças ruins. Fica só a ilusão que terminou.

É o paradoxo de sentir sem podê-lo.

Até a hora em que, cansados, pensamos. E vemos que nada disso faz sentido. O passado ficou para trás e não nos pertence voltar a ele. Nos cabe agora continuar a viver do nosso melhor jeito: sozinhos.

Simplesmente.
Sempre fizemos isso, por que não agora?

Para começar, um aparte.

Isso não é nada e isso pode ser tudo.

São apenas textos.
Apenas emoções que não necessariamente precisam ser sentidas para estarem escritas.

Como dizia Fernando Pessoa, um bom poeta é aquele que imagina o sentimento. Deixo o ato de sentir para quem lê.

Que os textos fluam, levemente, e encante ou prenda a atenção de algumas pessoas.